07/11/2013

O Fantasma de Canterville (II)

O Bruno gostou da obra e atreveu-se a fazer uma expansão do texto. Aqui fica um excerto do texto original seguido da sua continuação da história.


Ao entrar em casa, Virgínia apercebe-se da presença de um Fantasma, Sir Simon, na sala. Este encontra-se num estado contemplativo, olhando pela janela. Está muito triste, mergulhado numa depressão “profundíssima”.
Virgínia confronta Sir Simon com o facto de ele ter assassinado a esposa e condena-o pelo seu ato criminoso. Este responde-lhe de forma insólita, dizendo que a opinião dela é “filosofia barata”. Assim, Sir Simon considera que os motivos que o levaram a matar a mulher eram válidos e aceitáveis, uma vez que ela era “vulgar”, não sabia engomar, nem cozinhar.
Havia uma mancha de sangue no chão da biblioteca, o que prova, efetivamente, a ocorrência de uma morte naquela casa. Sir Simon usava tintas que tirava do estojo de Virgínia para dar mais cor à mancha e garantir que essa prova nunca desapareceria.
O Fantasma confere grande importância à ascendência nobre e ao estatuto social, logo ter “sangue azul” não era, para ele, um “pormenor”; foi, aliás, por encarar a esposa como uma pessoa “vulgar” que a terá assassinado. Sir Simon considera os ingleses (ele incluído) um povo aristocrático, de tradição, com classe e educação. Ao contrário, considera os americanos um povo com pouca educação e sem tradição, que não sabe dar valor a “pormenores”, tão importantes como a origem aristocrática das famílias.

- Se o senhor decidiu roubar-me as tintas, vai ter de as pagar – exigiu Virgínia.
 O fantasma pediu desculpa e Virgínia aceitou, convidando-o logo a pintar o pôr-do-sol e outras coisas. 
 Ao fim de alguns minutos, qual não foi o espanto de Virgínia ao ver que o fantasma tinha pintado uma paisagem de luar, à beira mar.
- Mas que pintura maravilhosa! Como pode uma criatura, supostamente tão terrível, exprimir sentimentos de tanta tranquilidade e bem-estar?
- O essencial é invisível aos olhos! Tu conheces-me por fora, mas não sabes quem eu sou verdadeiramente, nem por que me tornei alguém tão assustador! – esclareceu o fantasma.
- Então queres contar-me a história da tua vida?
- Há coisas que se calhar não vais perceber… Lembraste de há pouco me teres acusado de ter matado a minha mulher e de eu dizer que ela era uma desmazelada e vulgar?
- Sim, lembro-me – acrescentou Virgínia, já empolgada com a história.
- Eu matei-a, de facto, mas não por ela ser quem eu disse que era, mas antes por sofrer dez longos anos com uma doença que lhe levou a vontade de viver. Éramos uma família rica, com posses, trabalhávamos na agricultura e dispúnhamos de grandes fazendas e quintas. Com os tratamentos da minha esposa, fomos perdendo as nossas posses. Começamos a vender os animais, mantendo apenas aqueles que nos iam garantindo a subsistência – as galinhas, as vacas, as ovelhas. Vendemos os cavalos e os burros, por isso, ficamos também sem carroças. Para além disso, nesse ano fatídico, o nosso filho, John, adoeceu e morreu com a peste negra. Mrs. Umney já não aguentava o sofrimento físico e psicológico. Foi por isso que decidi cumprir com a vontade dela e dar-lhe veneno dos ratos, para ela, por fim, descansar. Aquela paisagem que eu desenhei foi o último lugar onde Umney esteve em vida.
Virgínia, que já soluçava, fez um pedido:
- Deixe-me ficar com o quadro e esqueça o pagamento das tintas.


Bruno Trindade, n.º 3, 9º  B

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